30 maio, 2009

...let me go, little man


Saudade, de vez em quando. É este o nome que dás à minha ausência.

E eu queria ser um barco de velas ao vento para que, com o sal do mar a bater-me no casco de madeira (velho, gasto mas ainda vibrante), me transportasse para longe de ti.

Não me digas que me queres bem. O teu querer não me serve, sempre foi vestido de chita curto, apertado, tamanho de criança em corpo de mulher. Serve-te a ti, com essa alma que julgas crescida e sofrida, mas que não é mais que um embrião do homem que te adivinho.

Não entendes tu porque me afasto? Agarra-te a mim o teu egoísmo? Deixa-me ir, vá.... Quero outra margem onde prender esta âncora que me pesa no peito...

28 maio, 2009

a thousand feelings in a word

Hug.
No more words needed.

das janelas escorria o Sol

As janelas do meu sentir vão-se fechando.
As que têm cores, azul e vermelho e verde e laranja e amarelo-limão.
As que tinham o teu nome nas portadas, as que escreveste em areia da praia e bordaste com o sal do mar.
Vão perdendo o gosto e o sabor, vão-se desbotando com a chuva que agora escorre solta das tuas mãos.
Eu não sei mais onde ir buscar-te, eu não posso mais ir-te buscar ao fundo desse arco-íris onde deixei as chinelas e pousei as mãos no chão, para sentir. Para te sentir.

Então deixo-te solto, com as asas nesse imenso céu azul que não sabe guardar-te a alma (pois não te conhece, não te aninha), e daqui debaixo fico a espreitar os teus vôos de aprendiz de pássaro, com a cabeça rasando o chão...

Das janelas escorria o Sol... agora entra o vento frio da madrugada...

27 maio, 2009

.

just



c'est vous, celui là

Tu... és apenas uma linha escrita e deixada a meio.
És um beijo trocado à pressa, como se fosse pecado.

És a recordação de uma noite no meu corpo mal amassado, que perdeu o rasto do teu perfume na pele.

És o vento que de quando em quando me sopra nos cabelos, a mão que me procura a perna, para logo em seguida me negar a marca. A tatuagem que te deixei.
És o sorriso e o riso alto que me enche de colcheias o peito, és as gotas de água que me sulcam as noites mal dormidas, de sonhos e desejos polvilhadas.
Tu és as palavras que me morrem na garganta, traços inteiros engolidos à pressa, na impaciência de tentar fingir que não me és nada. És, afinal, o meu fingir, a minha mentira maior. A minha camuflagem de mim mesma.

26 maio, 2009

.....


será que....

... a perfeição está na inexistência real?

sem palavras

Calo-me.
E é tão difícil.
Imagino-te. Invento-te. Penso-te. Leio-te, às escuras. Adivinho-te o sentir. O desejo insatisfeito, a alma que ainda busca.

Essa tristeza que me mata, essa mágoa do destino (que não te escolheu a ti, mas que abraçaste como teu).

Não entendo esse sofrer, mas calo. Não aceito essa dor, mas calo. Não suporto essa cicatriz que com tanto orgulho carregas, mas calo.

Calo.. mas já não espero. E quando vieres... terei partido!


25 maio, 2009

é aqui, neste lugar, dentro de mim

É aqui que me dói. Onde enterraste fundo o teu olhar, que dentro de mim se perdeu na corrente, fundiu com o passado de histórias de encantar que me contavam quando menina, "e viveram felizes para sempre"...

É aqui, onde não me queres conhecer, onde te perdes por segundos para logo te recompor, negando-te.

Deve ser aqui que se esconde a alma, essa que tem o meu nome, a que conhece os trilhos que passei e cala os segredos dos que ainda irei caminhar. Eu já não sei, já não procuro, já não me procuro, porque não me quero encontrar assim, com o teu nome lá tatuado. Devia haver uma forma de te apagar o cheiro, o corpo, o olhar, o gosto, de te apagar desse lugar, queimando a planície, sem deixar rasto de incendiário.

Mas calo daqui os gritos que se querem desprender, engano a música de fundo fugindo às colcheias e claves e sons que me preenchem na tua presença (ainda que apenas na minha mente, no meu querer), visto as roupas de cigana errante com que me uma vez mais me baptizaste, encho de pulseiras de chocalho os tornozelos e caminho, altiva, neste novo percurso, esfumado e distante que está o sonho, dorido que está o querer...

22 maio, 2009

os sinos que repicam

Foi por acaso.
Um acaso que agora me mata o coração.

E ainda por cima roubaste-me... (o mar está guardado, pertence àquela que nascerá de mim).

Foi por acaso, sim.
Mas matou-me a alegria, o sorriso.
E não quero mais morrer desta morte lenta e estúpida, cheia de lágrimas e com este sabor a desgosto na boca seca.

Damn you! que me andaste a namorar descaradamente a alma, para agora a largares assim, nua e perdida no vento...

Vou fechar os meus olhos para ti, calar na boca as palavras de mel que te guardei, matar no ventre as sementes que sonhei plantadas...

Vou matar-te em mim, de morte anunciada, com os sinos da Igreja a lamentarem tão jovem perecimento...

19 maio, 2009

Recadinho

bcytcvgvuiugçujbjk,abuoç-bn-in-lkm
buligucyruypnbvcukvl.nkl-mlklçkçªç
vctrcjtcenb.kugu.n-l+mufdgvjhbkj.nl
tbkjnmlç,m-.lmlghjvtdvjh.kmçll,lºç,º
nhftyfumniuguyfuyvenoçnmçlkounop
strfyilhoicdsuyuniomihoiutiutcrtfukg
zfjvcubiuhilinekguiniçm,ºçpmp+,+p
boçmiutuyvftfsbuiçnoºmi+pº,+o,o+ó,
zersgtvuilno-mybtiukbikinoumpoimp
bcryduftniummkuioobtyuvuytuvtuyv
builghuilmoejbuçnoimopmçopmopob

partida... macaca... fugida!

Assim que começo a preparar a minha partida de ti, o meu "detachment", a minha corrida de fundo interior que me levará (espero eu) para um futuro em que a tua falta de união das palavras aos actos não me magoe, assim que começo esse processo de rearranjo que te negue o espaço imenso que me ocupas agora.. parece que há um qualquer sistema de alarme em ti que te avisa.

E é tão eficaz, tão eficiente esse teu sistema de alarme que, de cada vez que tento escapar-te, calçando os ténis e preparando-me para uma maratona de emoções, vens a mim. Ligas-te a mim. Procuras-me. Falas-me. Tentas-me. Sem saberes que, uma vez mais, me frustras a corrida. Me eliminas da pista. Me trais de mim mesma.

Ontem não foi excepção. Uma vez mais decidi que não sou mulher de viver agarrada ao nada, a uma ilusão de um futuro. Sim, sei que me amas. Sim, já mo disseste. Mas também sei que não é a mim que persegues com palavras e sonhos (ou se é não mo dizes).

Mas não é justo, não é justo que me digas que me queres, não é justo que me envolvas com essa voz doce de promessas (que sei serem de uma noite só), não é justo que essa teia me sugue uma vez mais.

Desta vez, consegui resistir. Mas até quando?

Volto a calçar os ténis.

Deixa-me ir, por favor....

18 maio, 2009

on the beach

Fecho os olhos.
Espreguiço-me, indolentemente, na toalha.
O Sol lambe-me o corpo, doura-me a pele.. Impregna de calor e energia as minhas cálulas, gritando-lhes um sonoro "bom dia!".
Suavemente, deixo-me ir. Como sempre, vagueio por aí. Até chegar a ti. Não consigo domar este meu pensamento que é como espírito rebelde e livre na minha cabeça, jaula que lhe tolhe as asas! Deixo-o voar.
Perde-se no vento que agora me arrepia a pele e brinca nos caracóis revoltos do cabelo, como dedos de amante insatisfeito.
Procura-te, distraído.
E vem contar-me aos ouvidos histórias de amor inventadas, o teu corpo aqui junto do meu, nesta areia imensa, os nossos braços presos num rouçagar doce da alma, beijos molhados e salgados que percorrem as nossas curvas (diluídas que estão neste nó em que nos prendemos, onde sou eu? onde és tu?), o sabor da tua língua misturado com o meu desejo...
Digo-lhe que pare.
Rogo-lhe mil vezes que me abandone, que te deixe só. Explico-lhe em voz mansa e rouca que te não pertenço, a ela que me encanta com voz moura de ilusão, digo que no teu cortação não me guardas como um segredo amordaçado.
Não se apieda de mim, este meu pensar que não me pertence.
Uma e outra vez, procura-te, encontra-te.
E uma e outra vez mergulha-me no sonho.
Na toalha, deitada, deixo-me invadir, sem resistência.
Estás em mim.
Sê bem-vindo.

15 maio, 2009

missing you



Do you need any more words than these?

13 maio, 2009

casa mia, amore mio....

Casa.

Família. Calor. Risos. O cheiro da comida. Os Domingos de pijama, festas de cócegas e beijos entrelaçados entre os lençóis. O Mundo lá fora, num rumor lento, que pode esperar.

Um dia disse-te que eras isto para mim. Tudo isto. Disse-te que te sonhava em chinelos e de barba a arranhar-me a boca, na urgência do beijo.

Hoje, que te perdi sem nunca te ter realmente tido, que me morreste sem nunca comigo teres vivido, que me foges simplesmente para não ceder à minha pertença (porque o desejo de ceder te consome, sem o saberes, sem o quereres...), olho-te na distância de uma mesa de café e continuo, sem querer, sem poder evitar, a ver nos teus olhos o que, logo de início, de chofre, sem me preparar, me mostraste.

Casa. Aconchego. Família. Lar.

sim!... pede-me o impossível!...

Diz-me...

Porque continuas tu preso dessa janela que a tua alma abriu?

Preso de um mero sonhar, de um desejo que tão bem sabes como impossível, de um amor que chamas de perfeito (apenas e tão somente porque é feito de algodão, de ilusão, de distância, de ausência, de palavras censuradas e trocadas assim, às pressas)...

Tens-me aqui, no teu viver. Procuras-me com a ansiedade de homem que busca o seio de mulher.... para em seguida me negares o sabor dos beijos com que me tocaste a boca!

Negares que somos um, que nos pertencemos, que nos adivinhamos no toque, na partilha, que não sabemos estar sem a presença, sem o calor...

Nega-me, uma vez mais! Mata-me com essas palavras que para outra escreves, enquanto as tuas mãos me percorrem o corpo e os teus olhos me juram amor....

a luz que se faz sombra

Era dia de vento nas copas das árvores, no corpo que treme.
Era dia de sombra, medida nas nuvens que povoavam a Serra.
Era noite de frio, era noite mágica de descoberta.
Alheio a tudo, celebraste. Gritaste ao Mundo o teu saber, agradeceste a tua dádiva. Que o Universo te trouxe.
Honraste-me tua Rainha, por séculos companheira, reconhecida enfim.
Amaste-me na perfeição que só tu sabias dar-me.
Mas hoje fizeste-me voltar ao pó, à sombra de onde me resgataste, apenas para me fazer de novo o nada, para me sentir de novo a fuga da luz...